As longas e frias noites de inverno, nas primitivas tribos indígenas, levaram os nativos a descobrir o fogo de chão.
Próximos de suas ocas construíram locais onde as famílias reuniam-se ao redor do fogo, alimentado pela tradicional lenha de angico. Um pai de fogo, guarda-fogo ou tição mestre garantia a sobrevivência da fagulha calorosa, que aquecia o gelo das noites grandes.
Ao redor do fogo de chão os homens contavam às crianças, suas aventuras do dia a dia. As mulheres falavam dos episódios acontecidos nos momentos solitários, enquanto os homens caçavam ou guerreavam.
O fogo de chão aquecia o sentimento nativo do mestiço, projetando-se no ideal campeiro do gaúcho. Ao seu aconchego desfilou a história dos primeiros passos da formação do pago gaúcho. O cavalo, o gado, as domas, as tropeadas, as carreteadas, os aramados, as marcações, etc.
Os mais nativos usos e costumes foram aquecidos pelo fogo de chão, transmitidos de gerações em gerações, germinando o núcleo de nosso folclore.
Com a tradição do fogo de chão é que surgiram os galpões crioulos. Cobertos de capim, barreados, de pau a pique, taboas ou costaneiras, chão batido, os galpões de estâncias foram as sementeiras do Tradicionalismo.
A convivência galponeira é tão tradicional, no Rio Grande do Sul, que na fazenda Boqueirão, em São Sepé , um fogo de chão é conservado acesso a 200 anos.
(Fonte ABC do Tradicionalismo – Salvador Lamberty – Editora Martins Livreiro).